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Blog criado devido ao número de solicitações e críticas de falso moralismo em redes sociais.
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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Desnecessário.

Ele era gordinho, usava um óculos cafona, um jeans cinza que parecia ser dois números a mais, mas desde a primeira vez que o vi eu o quis. Não quis de um jeito que eu tava acostumada, eu quis me aproximar, ele não me olhava.. eu abria a porta do escritório pra ele e ele entrava olhando pro chão. "Que retardado" eu pensava! Trabalhava na mesma empresa que eu e pra eu descobrir seu nome tive que puxar sua ficha de estagiário, acabei descobrindo nome, telefone, e-mail, idade, faculdade e quando o vi chegar, lá pelo terceiro dia de silêncio, descobri seu perfume também. "Só posso ser uma psicopata" eu resmunguei. Não me lembro como começou a nossa amizade, sei que conversávamos a tarde toda, por MSN. Conversávamos sobre musicas, eu adorava as dele, ele odiava as minhas. Conversávamos sobre bandas, eu não entendia nada e ele fingia que eu era engraçada, talvez eu fosse.. Conversávamos tanto que nem meu namorado me fazia ficar online como ele me deixava, grudada na tela, esperando um "Paula, oi?". Nos distanciamos, nos reencontramos alguns anos depois, mudados, quando o vi diferente.. surreal. Que lindo!  Tinha medo porque eu não conhecia ninguém como ele, um sotaque estranho, uns olhos que sempre olhavam pra baixo, olhos apertados, olhos negros, olhos lindos. O sorriso dele? Não era o mais bonito que eu já tinha visto mas era encantador, tímido, intrigante.. Queria fazer parte do mundo dele, queria conhecer o que ele gosta, Caralho! Que mania feia ele tinha de julgar quem não tem um gosto tão bom quanto o dele. Foi muito fácil pra mim conseguir me aproximar demais, ele vivia dizendo que eu era linda, ele nem imaginava o quanto eu o achava lindo, sensacional, um corpo perfeito, um cheiro bom... Quando o vi tocar pela segunda vez, em um ensaio, fiquei vidrada, drogada, o som invadiu meus ouvidos como algo que não fosse sair de mim nunca mais, anestesiei, saí da sala, não queria mais ver, parecia tóxico e eu gostava. Eu o achei tão poderoso tocando aquela guitarra que eu pensei que ele poderia dominar o mundo se ele quisesse. Aliás, se ele quisesse ele poderia ser qualquer coisa, era só ele balançar o cabelo, olhar meio que de lado, porra! Ele conseguia.. e eu gostava, mas eu odiava o jeito teimoso dele, chato, arrogante, ignorante, grosso, sarcástico, babaca, idiota.

As vezes, penso que eu poderia ter baixado a cabeça também, sempre que o via..

As vezes, quando quero conhecer alguém novo, me pego pensando em conhecer alguém exatamente como ele.

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